sábado, 28 de julho de 2012

Entrevista com Ataque de Tubarão

Pouco mais de 150 quilos, essa é a soma da massa corpórea dos 3 integrantes de uma das bandas com o som mais violento da Cidade Canção, o Ataque de Tubarão.



Criado em 2011, ainda como Shark Attack, a banda formada por Raoni Arroyo, Francisco Junior e Guilherme Giacomassi fortalece a cena da música independente de Maringá, agora com o nome em português, mas com o mesmo estilo antimusical do início.

O ataque começa agora!





Arquibanca Subpop - O som do Ataque de Tubarão vai além do hardcore tradicional. Como você classifica a música de vocês?

Raoni Arroyo - Pois é, cara... De hardcore tradicional não tem muita coisa, Xiquinho e eu resolvemos montar essa banda com muita inspiração nas bandas de fastcore e power violence que a gente escuta, tipo I Shot Cyrus, Vivisik, Bbq Chickens, Idiots Parade, CharlesBbronson... Aí surgiu a ideia de temperarmos com uma mistura de surf music, e deu no que deu. Mas ainda estamos muito aquém desses gigantes tipo La revancha, que pra mim hoje é uma das melhores bandas nacionais, e que inclusive fizeram esse mix de turbo speed depression com surf music de forma genial, referência da boa pra gente!

AS Recentemente vocês gravaram um EP, fale um pouco sobre ele e o processo de composição do mesmo.

Raoni - As músicas do EP que gravamos no ano passado, fizemos aqui em casa. o Xico vinha aqui, a gente ficava tocando violão, gravava no PC, depois ensaiava e encaixava a batera. Mas é uma doidera isso, porque Xiko e eu nos comunicamos na base da fala, tipo: "Pô, seria massa um riff assim TAN DAN DAN DAN DAN", aí fazíamos no violão! (muita risada!) Mas hoje, como ele tá morando em Londrina, acabamos compondo mais por email. Eu mando um riff, aí de repent,e ele modifica, ou vice-versa, depois ensaiamos.Já as letras, eu não faço ideia de como surgem. Na real, eu acho que tudo já foi dito, o Ataque de Tubarão não tem muita mensagem falada. Nossas músicas não costumam ter muita mensagem, eu acho que os livros têm mais mensagem do que a música.

AS O AT foi uma espécie de projeto que acabou tomando vida própria, foi acaso?

Raoni - Então, o nome a gente deu para um coletivo que nós (Raoni e Xiko) fizemos em 2010, mas de coletivo só teve nome, porque ninguém mais abraçou a ideia! (risos). Era um projeto de pegar as fotos que fazíamos de shows de punk e hardcore aqui da região, produzíamos umas montagens para virar lambe-lambe. Fizemos isso em 2010... Aí como vimos, a gente tinha um gosto musical muito parecido e decidimos montar uma banda! Xiko chamou o magrelo (Guilherme), que eu ainda não conhecia, e fomos ensaiar uns covers de Mukeka (Mukeka di Rato), Discarga e Bbq Chickens... O ensaio foi muito legal, começamos a fazer umas músicas próprias e acabamos por deixar de lado a história das fotos. Uma pena, porque era bem legal também.

AS Você disse que ninguém abraçou a ideia de um coletivo, acha que falta esse espírito de acreditar na cena maringaense? E o que acha do atual momento no cenário nacional da música independente?

Raoni - Eu sei que São Paulo e Curitiba, por exemplo, a coisa é bem legal, a Verdurada é um lance épico! Tem o Mozine, no Espírito Santo, que deixa tudo mais legal também com os Laja Craps! Um pessoal que conheci de MG também, do Declínio Social, pessoal bem correria nessa coisa de cena punk! Aqui em Maringá, sempre teve o Allison, que organiza os melhores shows daqui.Teve o Kleber (Xebek), que trouxe o Meia Lua e Soco, o Tuba, baixista do Quarentine, para quem gosta de hardcore melódico, agiliza uns shows bem legais. O Mamá (Proletas e Vaca Louca Café) também, que agora está em Maringá e voltou com o Proletas (uma das primeiras bandas punk de Maringá)! Sempre está rolando um som massa. Bastante bandas novas legais de hardcore também, como o Comsequência... Na região, não poderia deixar de falar do Renato (Makabro), que organiza já faz um tempo o festival Dead Time, sempre rola umas bandas legais do cenário independente daqui.
Esse ano o pessoal da UEM (Universidade Estadual de Maringá) organizou uma ocupação bem legal no Jardim Alvorada com uma casa parada há mais de dez anos, a casa foi transformada em um centro cultural bem bacana, mas não chegou a durar muito... Maringá ainda é uma cidade meio retrógrada pra essas coisas, sempre acham uma ordem judicial para acabar com essas iniciativas. Mesmo assim, sempre acaba rolando pelas bordas umas intervenções legais, mas não necessariamente ligado ao hardcore/punk.

AS Sei que vocês são amantes de fotografia, como é essa relação entre música e as fotos?

Raoni - Pô, logo que comecei a aprender a fotografar, eu conheci o "Fodido e xerocado", do Daigo Oliva e do Mateus Mondin, numa Verdurada que fui em SP. Os caras arrebentam! Trouxe o livro pra cá, e deu um gás enorme pra gente! Conversando com o Daigo, acabei conhecendo os clássicos, que nem o Edward Colver... É muito legal esse registro.Depois, Xiko e eu começamos a colar nuns shows pra documentar o que acontecia por aqui também, aprendi bastante dessa coisa de fotografia de palco com o pessoal do Draw the Line, que me deu bastante apoio... Ultimamente, eu tenho deixado a câmera de lado pra pogar (risos)!
Não poderia deixar de falar no Álvaro Sasaki, que considero o melhor fotógrafo de bandas aqui de Maringá, sempre presente nos shows com aquelas câmeras doidas dele!

AS O AT está preparando material novo?

Raoni - Sim, estamos com altas músicas novas! A ideia inicial era gravar agora em agosto as novas e as músicas do EP também... Essas músicas antigas sofreram tantas modificações que já tão irreconhecíveis! (risos)

AS Pra fechar, em quem o AT faria um ataque?

Raoni - (risos) Cara, são tantos alvos... Mas eu vou ser menos megalomaníaco e mais regionalista. Faria um ataque nuclear no Sílvio Barros (atual prefeito de Maringá)!

AS Raoni, obrigado pela atenção. Toda sorte do mundo ao Ataque de Tubarão.

Raoni -  Rudah, eu que agradeço pela oportunidade! Abração!




Ataque de Tubarão é:

Raoni Arroyo: Baixo e vocal
Francisco Junior: Guitarra e vocal
Guilherme Giacomassi: Bateria

Local: Maringá - PR

Desde: 2011

Estilo: Fastcore

Onde Assistir: Aqui mesmo!





Por Rudah Tozati