Criado em 2011, ainda como Shark Attack, a banda formada por Raoni
Arroyo, Francisco Junior e Guilherme Giacomassi fortalece a cena da música
independente de Maringá, agora com o nome em português, mas com o mesmo estilo
antimusical do início.
Arquibanca Subpop - O som do Ataque de Tubarão vai além do hardcore
tradicional. Como você classifica a música de vocês?
Raoni Arroyo - Pois é, cara... De hardcore
tradicional não tem muita coisa, Xiquinho e eu resolvemos montar essa banda com
muita inspiração nas bandas de fastcore e power violence que a gente escuta,
tipo I Shot Cyrus, Vivisik, Bbq Chickens, Idiots Parade, CharlesBbronson...
Aí surgiu a ideia de temperarmos com uma mistura de surf music, e deu no que
deu. Mas ainda estamos muito aquém desses gigantes tipo La revancha, que pra
mim hoje é uma das melhores bandas nacionais, e que inclusive fizeram esse mix
de turbo speed depression com surf music de forma genial, referência da boa pra
gente!
AS - Recentemente vocês gravaram um EP, fale um pouco sobre ele e
o processo de composição do mesmo.
Raoni - As
músicas do EP que gravamos no ano passado, fizemos aqui em casa. o Xico vinha
aqui, a gente ficava tocando violão, gravava no PC, depois ensaiava e encaixava
a batera. Mas é uma doidera isso, porque Xiko e eu nos comunicamos na base da
fala, tipo: "Pô, seria massa um riff assim TAN DAN DAN DAN DAN", aí
fazíamos no violão! (muita risada!) Mas hoje, como ele tá morando em Londrina,
acabamos compondo mais por email. Eu mando um riff, aí de repent,e ele
modifica, ou vice-versa, depois ensaiamos.Já as letras, eu não faço ideia de
como surgem. Na real, eu acho que tudo já foi dito, o Ataque de Tubarão não tem
muita mensagem falada. Nossas músicas não costumam ter muita mensagem, eu acho
que os livros têm mais mensagem do que a música.
AS - O AT foi uma espécie de projeto que acabou tomando vida
própria, foi acaso?
Raoni -
Então, o nome a gente deu para um coletivo que nós (Raoni e Xiko) fizemos em
2010, mas de coletivo só teve nome, porque ninguém mais abraçou a ideia!
(risos). Era um projeto de pegar as fotos que fazíamos de shows de punk e
hardcore aqui da região, produzíamos umas montagens para virar lambe-lambe.
Fizemos isso em 2010... Aí como vimos, a gente tinha um gosto musical muito
parecido e decidimos montar uma banda! Xiko chamou o magrelo (Guilherme), que
eu ainda não conhecia, e fomos ensaiar uns covers de Mukeka (Mukeka di Rato),
Discarga e Bbq Chickens... O ensaio foi muito legal, começamos a fazer umas
músicas próprias e acabamos por deixar de lado a história das fotos. Uma pena,
porque era bem legal também.
AS - Você disse que ninguém abraçou a ideia de um coletivo, acha
que falta esse espírito de acreditar na cena maringaense? E o que acha do atual
momento no cenário nacional da música independente?
Raoni - Eu
sei que São Paulo e Curitiba, por exemplo, a coisa é bem legal, a Verdurada é
um lance épico! Tem o Mozine, no Espírito Santo, que deixa tudo mais legal
também com os Laja Craps! Um pessoal que conheci de MG também, do Declínio
Social, pessoal bem correria nessa coisa de cena punk! Aqui em Maringá, sempre
teve o Allison, que organiza os melhores shows daqui.Teve o Kleber (Xebek), que
trouxe o Meia Lua e Soco, o Tuba, baixista do Quarentine, para quem gosta de
hardcore melódico, agiliza uns shows bem legais. O Mamá (Proletas e Vaca Louca
Café) também, que agora está em Maringá e voltou com o Proletas (uma das
primeiras bandas punk de Maringá)! Sempre está rolando um som massa. Bastante
bandas novas legais de hardcore também, como o Comsequência... Na região, não
poderia deixar de falar do Renato (Makabro), que organiza já faz um tempo o
festival Dead Time, sempre rola umas bandas legais do cenário independente
daqui.
Esse ano o pessoal da UEM (Universidade Estadual de Maringá)
organizou uma ocupação bem legal no Jardim Alvorada com uma casa parada há mais
de dez anos, a casa foi transformada em um centro cultural bem bacana, mas não
chegou a durar muito... Maringá ainda é uma cidade meio retrógrada pra essas
coisas, sempre acham uma ordem judicial para acabar com essas iniciativas.
Mesmo assim, sempre acaba rolando pelas bordas umas intervenções legais, mas
não necessariamente ligado ao hardcore/punk.
AS - Sei que
vocês são amantes de fotografia, como é essa relação entre música e as fotos?
Raoni - Pô,
logo que comecei a aprender a fotografar, eu conheci o "Fodido e
xerocado", do Daigo Oliva e do Mateus Mondin, numa Verdurada que fui em
SP. Os caras arrebentam! Trouxe o livro pra cá, e deu um gás enorme pra gente!
Conversando com o Daigo, acabei conhecendo os clássicos, que nem o Edward
Colver... É muito legal esse registro.Depois, Xiko e eu começamos a colar nuns
shows pra documentar o que acontecia por aqui também, aprendi bastante dessa
coisa de fotografia de palco com o pessoal do Draw the Line, que me deu
bastante apoio... Ultimamente, eu tenho deixado a câmera de lado pra pogar
(risos)!
Não poderia deixar de falar no
Álvaro Sasaki, que considero o melhor fotógrafo de bandas aqui de Maringá,
sempre presente nos shows com aquelas câmeras doidas dele!
AS - O AT
está preparando material novo?
Raoni - Sim,
estamos com altas músicas novas! A ideia inicial era gravar agora em agosto as
novas e as músicas do EP também... Essas músicas antigas sofreram tantas
modificações que já tão irreconhecíveis! (risos)
AS - Pra fechar, em quem o AT faria um ataque?
Raoni - (risos)
Cara, são tantos alvos... Mas eu vou ser menos megalomaníaco e mais
regionalista. Faria um ataque nuclear no Sílvio Barros (atual prefeito de
Maringá)!
AS - Raoni, obrigado pela atenção. Toda sorte do mundo ao Ataque
de Tubarão.
Raoni - Rudah,
eu que agradeço pela oportunidade! Abração!
Ataque de Tubarão é:
Raoni Arroyo: Baixo e vocal
Francisco Junior: Guitarra e vocal
Guilherme Giacomassi: Bateria
Local: Maringá - PR
Desde: 2011
Estilo: Fastcore
Onde encontrar: www.myspace.com/coletivosharkattack
Onde Assistir: Aqui mesmo!
Por Rudah Tozati